Dinamismo econômico da potência estadunidense expandiu as exportações brasileiras em maio deste ano, com destaque para embarques de petróleo, semimanufaturados de ferro e aço e aviões
As exportações brasileiras para os Estados Unidos (EUA) cresceram 72% em maio de 2019, contra igual mês de 2018, enquanto as vendas para a China e a Argentina caíram 10% e 20%, respectivamente.
Os embarques para o segundo maior destino dos produtos brasileiros, os EUA, foram impulsionados pelo aumento das vendas de óleo bruto de petróleo (+ 492%) e de semimanufaturados de ferro e aço (+ 322%).
A soma dos dois foi responsável por 24% do total exportado pelo Brasil para o mercado estadunidense, mostra o Icomex do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), divulgado ontem.
Na avaliação do professor de economia da FAAP, Sillas Cezar, o ritmo positivo de crescimento econômico da economia norte-americana é o que tem sustentado a elevação das vendas, não só por parte do Brasil, como também por outros países fornecedores.
“A exportação de petróleo do Oriente Médio para os EUA também tem crescido”, afirma Cezar. “No último ano, a economia norte-americana tem avançado em um ritmo maior do que o previsto”, acrescenta.
Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, colocou sanções ao petróleo venezuelano no dia 28 de abril deste ano, o que, em parte, acabou abrindo mercado para outros países. “Mas isso explica uma pequena parte do aumento que houve nas nossas vendas para os EUA. A principal explicação é, de fato, o dinamismo da atividade do país parceiro”, esclarece Sillas Cezar.
Alta de manufaturados
A pesquisadora associada do FGV IBRE, Lia Valls, informa que as vendas de produtos industrializados do Brasil para os EUA estão se expandindo desde o ano passado. Na comparação entre maio de 2018 e igual mês de 2019, destacam-se as exportações de aviões (72%), partes e peças para aviação (216%), máquinas de terraplanagem (77,5%) e demais manufaturas (79,3%).
Valls lembra que a fusão entre a empresa nacional Embraer e a norte-americana Boeing, no início de 2019, tem estimulado a elevação das trocas bilaterais de aviões e partes de aviões entre os dois países.
Para Sillas Cezar, o avanço dos industrializados brasileiros no mercado norte-americano é uma notícia positiva. Porém, o professor tem dúvidas se o Brasil consegue sustentar essa expansão por muito mais tempo, tendo em vista a realidade da baixa produtividade e competitividade do País, comparadas a outras nações.
A pesquisadora reforça que os EUA apresentam taxas de crescimento maiores do que as nações europeias, enquanto o processo de desaceleração da economia chinesa, principal parceira do Brasil, segue em curso. Já a Argentina, nosso terceiro maior mercado, continua passando por crise.
Outros dados do Icomex mostram que, na comparação entre janeiro e maio de 2018 e de 2019, o crescimento das exportações para o mercado estadunidense foi de 20,8%, seguido da China (3,6%). Na Argentina, por sua vez, as vendas externas brasileiras recuaram em 41% até maio.
Apesar do menor dinamismo exportador para a China, em comparação com os outros parceiros, a participação do país na pauta exportações do Brasil passou de 26% para 27%, entre o período de janeiro a maio de 2018 e iguais meses de 2019. Na mesma base de comparação, o percentual dos Estados Unidos cresceu de 11,1% para 13,6%, enquanto da Argentina foi de 7,8%, para 4,6%.
Apesar da alta das exportações de manufaturados, o relatório do FGV IBRE alerta que os conflitos comerciais entre EUA e China, e EUA e Irã, trazem incertezas para os preços dos commodities, as quais são o principal determinante nos termos de troca do Brasil.
Fonte: DCI