Expansão da indústria não é a esperada, mas retomada continua


O pior da recessão parece ter passado, mas o brasileiro ainda sente seus efeitos e vê a tão esperada retomada chegar muito lentamente. A expansão econômica ficou abaixo do esperado nos últimos meses, e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já admitiu que revisará a projeção para o crescimento da economia neste ano.
 
 

A estimativa para 2018 era em torno de 3%, mas especialistas já trabalham com 2,5%. Conforme o instituto, a demorada recuperação da atividade econômica transparece também nos dados de mercado de trabalho. A taxa de desocupação vem mantendo-se praticamente estável nos últimos três trimestres, em torno de 12,5%, índice ainda considerado muito alto.

 

A última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a indústria nacional registrou decréscimo de 0,1% na passagem de fevereiro para março. Oito dos 15 locais pesquisados, entre eles o Rio Grande do Sul (-0,9%), mostraram taxas negativas na série com ajuste sazonal.

 

Mas nem tudo são más notícias. Em abril, as exportações gaúchas subiram 6,4%, somando US$ 1,6 bilhão, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). No acumulado do primeiro quadrimestre de 2018, as vendas para fora do País foram de US$ 7,44 bilhões, alta de 54,2% em relação ao mesmo período de 2017. Desse montante, a indústria foi responsável por US$ 5,92 bilhões, avanço de 63%. Os melhores resultados vieram de outros equipamentos de transporte (25.750%), tabaco (104,1%), celulose e papel (92%), máquinas e equipamentos (70,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (25,4%) e alimentos (7,1%). A maior perda ficou com a categoria de químicos (-7,4%).

 

A incerteza quanto ao futuro também está presente no campo. Embora viva um bom momento, com safra de soja estimada em 117 milhões de toneladas, o motor do PIB brasileiro aguarda por mudanças significativas para se tornar mais competitivo e melhorar a lucratividade do produtor, queixa constante das lideranças do setor. Entre as melhorias indispensáveis para impulsionar ainda mais o agronegócio estão estradas com boa capacidade de escoamento. E reclamação com as más condições de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos vem de todos os segmentos da economia. O Brasil é o 17º colocado em um ranking de infraestrutura feito com 18 países, conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ficamos à frente apenas da Colômbia.

 

O País investe 2% do PIB em infraestrutura, enquanto a China destina 7%. Embora tenha avançado muito nos últimos anos em telecomunicações, em outras áreas deixou a desejar. Segundo a CNI, apenas metade da população tem coleta de esgoto, e a participação privada é de apenas 6%. Forte termômetro do poder de compra do brasileiro, o comércio varejista encerrou 2017 com crescimento de 13,3% em relação ao ano anterior. O índice, no entanto, recuperou apenas parte do que foi perdido em 2016 e 2015. Para este ano, as perspectivas são um pouco melhores. Os supermercados também cresceram no ano passado. Já o setor de serviços, registrou queda de 2,6% no primeiro trimestre deste ano. A expectativa é que o mercado se estabilize após as eleições.

 

Fonte: Jornal do Comércio

 

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