O que grandes multinacionais esperam do Brasil


O presidente Michel Temer participou de reuniões bilaterais com executivos de empresas como Shell, Coca-Cola e Cargill e foi questionado sobre o que deve ocorrer depois da eleição presidencial.

 

A resposta para todos foi a mesma: as instituições estão funcionando e, diante dos resultados positivos para a economia, existe um crescente consenso de que não há alternativa à atual política.

 

O presidente da Shell, Bem van Beurden, foi claro. “Fiz (a Temer) um pedido: continue o que estão fazendo no Brasil.”

 

Na avaliação do executivo, os “maiores desafios” do País ainda são a alta taxa de desemprego e a inflação. “Esperamos muito que haja continuidade da política econômica para a regulação em nossa indústria”, afirmou.

 

“Políticas com bom senso estão sendo implementadas e vocês verão a resposta do setor privado”, apostou. “Você precisa ter clima positivo para atrair investimentos.” O executivo disse que “felicitou” Temer pela “reviravolta que está ocorrendo”. E indicou que está atento aos futuros leilões no setor de petróleo no País.

 

Francesco Starace, presidente da Enel, empresa do setor de energia, adotou o mesmo tom. “A Enel pediu continuidade e demonstrou interesse no leilão da Eletrobrás, caso as regras sejam mantidas”, disse um membro do alto escalão do governo.

 

Segundo pessoas que estavam na sala de reunião com Temer e Starace, a empresa admitiu que a eleição é um risco a ser considerado.

 

Para o presidente do Conselho de Administração do banco de investimentos Goldman Sachs International, José Manuel Durão Barroso, “seria bom que o Brasil desfizesse algumas ambiguidades, que caminhasse na direção de reforçar a confiança, que é o essencial: fazer ou não fazer reformas. Estar no meio da ponte nunca é muito bom e as reformas, para ser sincero, já deviam até ter sido feitas.”

 

Barroso acredita que as eleições terão impacto nessa agenda reformista. “Todos sabemos que em anos de eleições há a tentação de adiar as coisas”, disse. “Se é para fazer, mais vale fazer agora do que estar sempre com dúvidas. Os investidores não gostam de incertezas.”

 

Outro que pede a manutenção da agenda de reformas é o presidente da Coca-Cola, James Quincey. “O que vai ajudar a economia brasileira a crescer é a soma das reformas e muito trabalho”, disse. “As reformas estão ajudando a fazer crescer a economia de novo e já tínhamos muitos anos sem crescimento.”

 

Segundo o executivo, a empresa vai investir “centenas de milhões” no Brasil este ano.

 

INVESTIMENTOS

 

Lakshmi Mittal, presidente da produtora de aço ArcelorMittal, disse que a empresa deve colocar US$ 300 milhões no Brasil por ano, depois de três anos sem investir no mercado brasileiro, de acordo com fontes que acompanharam o encontro com Temer.

 

Dave MacLennan, presidente da Cargill, também indicou que vai continuar a investir. Mas se juntou ao coro daqueles que pedem reformas.

 

“Sempre que há uma mudança na liderança, pode haver mudança na direção. Queremos previsibilidade e estabilidade política. Não diria que estou preocupado. Mas estabilidade é sempre bom.”

 

A opinião é a mesma de Carlos Brito, presidente da Ambev: “É importante ter regras claras.”

 

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, declarou que as reformas estão “mudando as expectativas sobre o Brasil”. “Mas reformas precisam ter um seguimento, uma implementação. Isso depende de vontade política.”

 

Fonte: IstoÉ

 

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