Pesquisa revela um quadro bem negativo dos políticos e da economia

Temer e Aécio Neves se juntam a Eduardo Cunha, hoje preso, com mais de 90% de reprovação; 57% se queixam da situação financeira pessoal, e 27% acreditam que ela pode piorar.
 
O brasileiro está pessimista com a política e com a economia. Sobre isso, as pessoas estão há algum tempo de acordo. Assustadores, no entanto, são os números que hoje sustentam esse sentimento.
 
Alguns exemplos. São 95% os cidadãos que acreditam que o país está no rumo errado, contra somente 5% que pensam ao contrário.
 
Os que não têm nenhuma expectativa com Michel Temer subiram de 23% para 57%, entre setembro do ano passado e julho deste ano.
 
Os dados emergem da pesquisa Pulso Brasil, conduzida em julho em todas as regiões do país pela Ipsos Public Affairs, reunindo 1,2 mil entrevistados das diferentes faixas etárias e de renda.
 
Quanto à situação financeira pessoal, 57% dizem que está entre ruim ou muito ruim (ante 20% com avaliação oposta), enquanto a perspectiva de que melhore nos próximos seis meses –que era positiva desde meados de 2016 – agora pode piorar (27%) ou melhorar (29%), numa espécie de empate técnico.
 
As reformas pretendidas pelo governo refletem uma ambiguidade. Tratando-se da Reforma Política, 64% são a favor, e 25%, contra.
 
Mas as duas outras reformas em pauta – a da Previdência e a Trabalhista – são reprovadas, respectivamente, por 71% e 62% -o que demonstra o sucesso da oposição de esquerda e dos sindicatos ao tentarem demolir a imagem desses dois projetos.
 
Pela pesquisa, são 60% os que se sentem inseguros no emprego, contra 14% que demonstram segurança, enquanto 48% ante apenas 5%, dizem que está piorando o padrão de consumo no supermercado.
 
Entre os entrevistados, 67% estão trocando produtos mais caros por outros mais baratos, enquanto 61% compram agora uma quantidade menor de produtos.
 
IMAGEM RUIM DOS POLÍTICOS
Essa visão pessimista começa a partir da avaliação que os brasileiros fazem dos principais políticos. Michel Temer, Eduardo Cunha – o ex-presidente da Câmara que está preso – e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) encabeçam a lista dos que foram pessimamente julgados.
 
Desaprovam totalmente o desempenho deles, respectivamente, 94%, 93% e 90% dos que responderam à pesquisa.
 
Com desaprovação total entre 60% e 80% estão, pela ordem, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a ex-presidente Dilma, o senador José Serra (PSDB-SP), o ex-presidente Lula, o ex-ministro Antônio Palocci (que está preso), o governador Geraldo Alckmin (SP) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
 
Entre os menos desaprovados e mais aprovados, a lista é encabeçada pelo juiz Sérgio Moro (64% aprovam e 28% desaprovam), seguido pelo ex-ministro do STF Joaquim Barbosa – notabilizado durante o Mensalão – o apresentador Luciano Huck, o procurador Deltan Dallagnol, a presidente do STF, Carmen Lúcia, e seu colega Edson Fachin.
 
Até Marina Silva (Rede) caiu na arapuca da má avaliação dos políticos, por mais que ela tenha uma atuação discreta depois das eleições presidenciais de 2014. Ela é desaprovada por 59% e aprovada por 21%.
 
Quanto ao prefeito paulistano João Doria (PSDB), 45% o desaprovam e 17% o aprovam, enquanto 38% respondem não saber avaliar.
 
A moral provisória dessa história é que estão desprestigiados aqueles que comandam ou comandaram as instituições públicas, enquanto o prestígio é compartilhado por aqueles que, do Judiciário ou do Ministério Público Federal, estão encarregados de punir a corrupção.
 
A propósito, 95% dizem que a Lava Jato deve ir até o fim, “custe o que custar”, enquanto, no polo oposto, 7% dizem que ela enfraquecerá a democracia, e 20% que, com ela, “a classe política vai acabar”.
 
Um detalhe curioso. Desde junho de 2016 era majoritário o contingente de brasileiros que discordava da a firmação de que a Lava Jato iria “acabar em pizza”.
 
Eis, no entanto, que em julho, 42% concordam e outros 42% discordam do diagnóstico, o que reflete apreensão quanto ao futuro da operação.
 
O estado de espírito pessimista está presente quando se trata de avaliar as instituições. Só 13% confiam no Congresso, e 21%, no governo federal.
 
São 37% os que confiam no STF. No entanto, entre as quatro instituições avaliadas, aquela que sai com a melhor imagem é a Polícia Federal, na qual 64% confiam e apenas 33% desconfiam.
 
CONSUMO AFETADO
O Índice Nacional de Confiança, com 64 pontos, está no patamar mais baixo desde 2010. Há sete anos ele estava em 147. É um indicador importante porque reflete a imagem da economia e a previsão de consumo.
 
Sobre a capacidade e a predisposição de consumir nos próximos 30 dias, 53% disseram estarem em situação semelhante à do mês anterior. Mas a percentagem reflete uma queda de sete pontos com relação a junho.
 
Quando se trata do consumo nos próximos 12 meses, aparece um dos únicos índices positivos da pesquisa: 34% acreditam que o consumo será melhor, enquanto 18% respondem que ele irá piorar.
Fonte: Diário do Comércio

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