Líderes da base apoiam adiar reforma da Previdência para 2019


 
Cientes de eventuais dificuldades para aprovar projetos que necessitam de um quórum qualificado, alguns líderes da base aliada já se rendem à tese de que será melhor para o governo deixar a tramitação da reforma da Previdência para 2019, após as eleições do ano que vem. Um dos motivos para defender essa possibilidade é de que a melhora nos números de arrecadação dará fôlego para a economia, o que diminuiria a pressão para que a reforma previdenciária precisasse sair do papel na atual legislatura.

O líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), é o mais enfático na defesa de que a reforma da Previdência já não tem mais espaço para ser analisada antes da corrida eleitoral de 2018. “Entendo que a pauta prioritária deva envolver temas ligados a segurança pública e a reforma tributária. Reforma da Previdência só em 2019. Não há clima para votar esse projeto antes das eleições”.
 

Quem também é entusiasta do adiamento da proposta, mas é um pouco mais econômico no tom, é o líder do PSD na Casa, Marcos Montes (MG). “Não há ambiente político para aprovar a reforma da Previdência e esse é um sentimento que prevalece na base governista”.

 

Sair da gaveta

Em viagem a Israel, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira que não é possível “escapar” da votação da reforma.
 

“Não podemos chegar como estamos em 2019, pois isso exigiria uma reforma muito mais dura do que hoje. Tenho alertado: não podemos chegar à situação da Grécia e de Portugal, que foram obrigados a cortar a aposentadoria”, disse Maia.

 

A tese de que o projeto precisa ser desengavetado o quanto antes é defendida por alguns dos principais aliados do presidente Michel Temer, como os deputados Carlos Marun, (PMDB-MS), Beto Mansur (PRB-SP) e Darcísio Perondi (PMDB-RS).

 

“Não tem como escapar dessa reforma. Seria ideal que a fizéssemos agora. Por isso, é preciso dialogar com a base para chegar a um formato que reúna consenso entre os parlamentares. É cedo para jogar a toalha. A melhora da arrecadação deve ser comemorada, mas não é suficiente para bater o martelo de que a reforma da Previdência não é mais essencial” afirmou Marun. “A arrecadação ainda foi tímida e a reforma da Previdência continua sendo indispensável. O presidente Rodrigo Maia está envolvidíssimo nessa agenda. Ele vai liderar essa empreitada para emplacarmos a reforma previdenciária o quanto antes”, disse Perondi.

 

Segundo Mansur, em conversa que ele teve nesta segunda-feira com o secretário da Previdência Social do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, ficou claro que não se pode permitir que aprovem uma reforma “meia boca”.

 

“Não dá para fazer omelete sem quebrar ovos. É preferível aprovar agora mesmo com esse desgaste para que a economia possa engatar já a partir do ano que vem”, defendeu Mansur.

 

O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), disse que é preciso ter os “pés no chão” antes de tomar qualquer decisão sobre a reforma. Na avaliação dele, a base aliada que “salvou” Temer ao arquivar a denúncia na semana passada não consegue tirar as mudanças no sistema previdenciário do papel.

 

“Existe uma agenda econômica. Vamos trabalhar nela. Em paralelo, trabalharemos em um texto da reforma da Previdência com a base para que cheguemos aos 308 votos necessários para aprová-lo. É preciso agregar votos para se conseguir a aprovação. Um texto mais enxuto pode ser alcançado e reunir mais consenso e deixar outros pontos polêmicos para depois”.

 

Fonte: Valor Econômico

 

Deixe um comentário